A Teoria dos Dois Messias: Bolsonaro, Dilma e o projeto de poder do Lula

       Aqui não há qualquer intenção de atacar gratuitamente o presidenciável Jair Messias Bolsonaro, tampouco intenciono defendê-lo como se eu fosse um eleitor fanático do mesmo. Não sou, não sou sequer eleitor moderado dele. Aliás, o meu alinhamento está mais para o João Amoêdo (partido Novo). Este post pretende apenas discutir uma teoria que tenho comigo desde muito antes de a possibilidade de um impeachment da presidente Dilma Rousseff sequer ser levada a sério.



Lula e suas marionetes: Dilma Rousseff, Jair Bolsonaro (que saiu do controle) e Fernando Haddad (que transformou a si próprio numa marionete). [01]


       Teorias a respeito do projeto de Lula para perpetuar-se no poder não são nenhuma novidade, mas, quando elas não afirmam que, por trás de tudo, havia a intenção de implantação do comunismo, se limitam ao tratamento de tudo como uma busca do poder pelo poder ou um mero banditismo sofisticado. Porém, a teoria que trago aqui difere numa coisa: o papel desempenhado pelo agora presidenciável Jair Messias Bolsonaro.
       Sim, você não leu errado. De acordo com esta minha teoria, Jair Messias Bolsonaro desempenharia um papel fundamental no projeto lulo-petista, ou melhor, lulista. Aliás, o sobrenome do político eleito [02] anteriormente citado, juntamente com o fato de terem delegado a ele (sem o mesmo saber) a missão de ajudar Lula a voltar ao poder nos braços do povo como um verdadeiro salvador da pátria é que inspirou o nome que dei à teoria.



Foto montada que expressa bem o que quero dizer aqui.
Fonte da imagem: Catraca Livre.


       Basicamente, aquilo que eu chamo de "Teoria dos Dois Messias" diz que o Jair Messias Bolsonaro cresceu como uma peça no grande tabuleiro político desenhado por Lula e os seus companheiros, tudo para favorecer, legitimar e concretizar o retorno do Nove Dedos ao poder e a sua instalação vitalícia nele. De onde diabos eu tirei isso?





Prelúdios
A questão do continuísmo lulo-petista.


       Datas, é importante ter em mente algumas datas. A primeira eleição do Luís Inácio Lula da Silva se deu em 2002 e o primeiro mandato ocorreu de 2003 a 2006, o escândalo do Mensalão ocorrendo durante o mesmo, mais especificamente após denúncia da revista Veja sobre corrupção nos Correios em maio de 2005 e denúncia de Roberto Jefferson em junho. O caso levou ao pedido de demissão de José Dirceu do Ministério da Casa Civil também em junho. A renúncia de Antônio Palocci do cargo de Ministro da Fazenda aconteceria em 27 de março de 2006, em consequência dos depoimento de Jorge Mattoso (então presidente da Caixa Econômica Federal) e do caseiro Francenildo Costa à CPI dos Bingos. É importante mencionar esses nomes porque eles eram os dois principais cotados para a sucessão do Nove Dedos.



José Dirceu e Antonio Palocci.
Fonte da imagem: Ceará News.


       Aliás, corria-se um sério risco de haver "uma luta visceral entre os dois postulantes à candidatura" (Gaúcha ZH. 2010), luta essa que Lula foi poupado da obrigação de mediar quando Palocci caiu. Também chegou-se a apontar que as coisas teriam sido mais difíceis com um sucessor do sexo masculino, Dilma Vana Rousseff vindo a calhar para o Nove Dedos nesse momento.
       É aqui que a coisa toda começa, com a questão da sucessão do então Presidente Luís Inácio Lula da Silva na disputa eleitoral de 2010, sendo que a preocupação quanto a isso começou ainda em 2005, após Dirceu sair de cena. Dilma assumiu o Ministério da Casa Civil em 20 de junho de 2005, começando, assim, a ser gradativamente preparada para disputar a presidência, visto que, constitucionalmente, Lula se encontrava impedido de concorrer e assumir um terceiro mandato presidencial em seguida.
       O fato é que o Nove Dedos não poderia disputar as eleições de 2010 para ser presidente da República pela terceira vez seguida, pois "a regra é que o cargo de chefe do Poder Executivo não pode ser ocupado pela mesma pessoa por mais de dois mandatos consecutivos, o que não impede a candidatura ao mesmo cargo por outras vezes, desde que não seja para mandatos seguidos" (TSE). Também não há empecilhos para que se tente mudar essa regra, afinal de contas, já foi alterada uma vez em 1997.
       Assim, é suficientemente claro que o Lula iria tentar modificar a regra para poder concorrer à presidência da República e ocupá-la pela terceira vez seguida, pois:

1 - Persistia a questão referente a sua sucessão, já que não havia a certeza de que Dilma seria a candidata em 2010, o Lula nem mesmo havia conversado com ela a respeito disso;

2 - Havia, naquele momento, uma verdadeira epidemia de continuísmo na presidência das repúblicas sul-americanas governadas pela "esquerda";

3 - A regra que o impedia já havia sido modificada uma vez pelo seu antecessor, logo, poderia ser modificada outra vez.

       Além disso, tão logo Lula assumiu a presidência da República pela segunda vez seguida, em janeiro de 2006, e já foi especulada, pela oposição, a possibilidade de tentar manter o então presidente no poder até 2014. Essa especulação voltou à tona em 2008 e, em meio à discussão do assunto, a revista Época (2008) listou quatro motivos para a sobrevivência dela, os quais transcrevo a seguir:



- depois de quase cinco anos de governo, Lula mantém altíssimos índices de aprovação, na casa dos 60%;- os ventos favoráveis na economia sopram a favor do continuísmo na próxima eleição presidencial, em 2010;- falta, até agora, um nome forte no PT para ser candidato à sucessão de Lula. Segundo as pesquisas, os candidatos favoritos para 2010 são do PSDB – os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves – e do PSB, o deputado Ciro Gomes (CE);- o PT defendeu a convocação de uma Assembléia Constituinte para fazer a reforma política. A oposição vê essa iniciativa apenas como um pretexto para mudar as regras e, assim, abrir a possibilidade de Lula concorrer ao terceiro mandato.


       E, apesar de o então presidente alegar veementemente ser contra um terceiro mandato consecutivo, teria sido feita a tentativa de mantê-lo no poder pelo menos até 2014. Obviamente, Lula não teria feito isso de maneira direta, mas sim por meio de aliados, incluindo um amigo dos tempos de diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos na década de 1970. Teriam sido três as tentativas listadas por Guilherme Evelin e Leandro Loyola, da revista Época, em 2008 [03], a saber:


(..) O deputado Carlos Willian (PTC-MG) anunciou que vai apresentar uma proposta de emenda à Constituição para fazer coincidir as eleições para todos os cargos – de vereador a presidente da República – e ampliar a duração dos mandatos de quatro para cinco anos. Além disso, a proposta, segundo Willian, permitiria a quem está no exercício do mandato disputar uma última reeleição. Foi revelado também que o deputado Fernando Ferro (PT-PE) conseguiu desarquivar a tramitação na Câmara dos Deputados de outra proposta de emenda que permite a reeleição sem limites. Por fim, o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) anunciou que vai apresentar uma proposta de mudança na Constituição para dar ao presidente da República poderes de convocar plebiscitos sobre temas nacionais – hoje uma prerrogativa exclusiva do Congresso Nacional. Pela idéia de Devanir, se a proposta fosse aprovada, Lula poderia convocar um plebiscito para a população decidir sobre a possibilidade de ele ser reeleito para um terceiro mandato – enfim, um chavismo para Hugo Chávez nenhum botar defeito. “O plebiscito foi usado com sucesso na França”, diz Luís Roberto Barroso, professor de Direito Constitucional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. “Mas também serviu à manipulação das massas e a projetos pessoais de líderes autoritários, como Hitler e Chávez.” (Época. 2008)


       O que aconteceu com tais propostas? Primeiro que eu não encontrei (ainda) essa tal proposta do Carlos Willian no seu perfil no site da Câmara, sendo provável nem sequer tenha chegado a apresentá-la. Segundo, que o Jornal da Câmara, na sua edição de 7 de novembro de 2007, na página 2, esclarece que o Fernando Ferro não desarquivou a PEC sobre reeleições sem limites, mas sim uma PEC de sua própria autoria (PEC 23/99) que proíbe as reeleições e que a PEC de autoria de Inaldo Leitão, que permitiria reeleições indeterminadas, foi desarquivada junto [04]. Terceiro, o mesmo jornal informa que a proposta de Davanir Ribeiro sequer chegou a apresentar a proposta que lhe foi atribuída.





       Aqui, cabe observar que TODOS os textos a respeito dessa bendita Proposta de Emenda Constitucional - PEC de autoria do Inaldo Leitão não é referida pelo número, dificultando muito a localização da dita cuja. Todavia, consegui encontrar a mesma, é a PEC 99/1999 e, curiosamente, na época em que foi proposta, o Inaldo Leitão era do PMDB-PB e não do PR-PB, tal como aparece em muitos textos.
       Também deve-se informar que, uma vez que foi desarquivada devido ao requerimento apresentado pelo deputado Fernando Ferro em 2007 [05], a PEC 99/1999 só tornou a ser arquivada em 31 de janeiro de 2011, já com a Dilma eleita para o seu primeiro mandato, e foi novamente desarquivada em 14 de fevereiro do mesmo ano. Foi novamente arquivada em 31 de janeiro de 2015, já com a Dilma reeleita, e novamente desarquivada em 04 de fevereiro do mesmo ano e, finalmente, foi "declarada prejudicada em face da aprovação, em primeiro turno, do Substituto oferecido à PEC n. 187/2007, principal (Sessão Deliberativa Extraordinária de 17/06/2015 - 14:42)" (página da PEC na Câmara dos Deputados).




Prelúdios
O eleito de "Deus".


       Jair Messias Bolsonaro é envolvido em situações polêmicas desde antes do seu ingresso na política. Diferentemente, do que se diz por aí, ele não tem 30 anos como deputado federal, mas sim de carreira política, pois foi eleito vereador da câmara municipal do Rio de Janeiro em 1988, tendo sido eleito deputado federal dois anos depois. Foi já como deputado federal que ele voltou a se envolver em polêmicas, muitas das quais podem ser vistas na biografia elaborada por Maria Carmina Monteiro, Márcia de Sousa e Fabrício Pereira da Silva para a Fundação Getúlio Vargas (vide as referências).



Lula diz ser uma ideia e já chegou a se comparar a Deus ao dizer para não usarem seu nome em vão. Há um verdadeiro culto à personalidade de Lula pelos lulistas, nem todos petistas.
Foto de: Francisco Proner Ramos.


       Antes de tratar de algumas polêmicas, faz-se necessário falar da relação entre o Jair Messias Bolsonaro e o Partido dos Trabalhadores, pois, atualmente defensor de pautas mais liberais, o presidenciável em questão já foi e continua sendo bastante criticado por só ter adotado esse discurso economicamente liberal apenas recentemente e sempre ter votado junto ao PT.
       Porém, apenas parte dessa crítica é verdadeira, já que, conforme aponta o levantamento feito por Bruno Carazza em 2017, Bolsonaro votou junto ao PT de 1999 até 2010, sendo que, desses 12 (doze) anos, 1999, 2000, 2001, 2006, 2009 e 2010 foram os 06 (seis) anos em que ele mais votou junto do que contra o Partido dos Trabalhadores.





       Como é possível ver pelo gráfico acima, Bolsonaro votou 100% contra o PT de 1991 a 1998 e de 2011 a 2017, portanto, durante 15 (quinze) anos e, ironicamente, 13 (treze) anos a mais do que o período em que chegou a acompanhar tal partido em algumas votações.
       Todavia e ainda segundo o levantamento de Bruno Carazza, realmente Jair Bolsonaro nunca foi de ter pautas liberais quando deputado, sendo isso bastante visível durante o período em que ele esteve junto ao PT em algumas votações.


Compilando os textos das emendas dos projetos em que Bolsonaro e PT votaram igual entre 1999 e 2010, nota-se um predomínio de temas associados à Nova Matriz Econômica - visão intervencionista da economia levada a cabo pelo PT. (...) Bolsonaro concordou com o PT nas votações de projetos que tratavam de concessões de benefícios para o setor privado, como incentivos tributários, parcelamentos de débitos, créditos orçamentários, fundos, financiamentos, subvenções, etc. Uma pauta bem distante de políticas econômicas horizontais e não intervencionistas, portanto. (Bruno Carazza. 2017).


       Os 15 (quinze) projetos dele com tema econômico também mostram essa tendência intervencionista, já que todos compreendem medidas que tratam de beneficiar determinados grupos. Carazza cita como exemplos: mudanças nos contratos e índices de correção dos contratos do Sistema Financeiro Habitacional; reserva de vagas e concessão de desconto de 50% no transporte aéreo para idosos; e projetos que concedem isenções tributárias para grupos específicos como taxistas, indústria automobilística e portadores de diabetes.



À direita, os principais temas das proposições de Jair Bolsonaro de acordo com o SigaLei.


       Além disso, de acordo com o SigaLei, os temas das proposições dele são: forças armadas (autor de 106 e coautor de 24), administração pública (autor de 23, coautor de 32), direito eleitoral (autor de 21, coautor de 81), segurança (autor de 3, coautor de 18), fiscalização e controle (autor de 7, coautor de 19), direito civil (autor de 19 coautor de 3) e transporte (autor de 21, coautor de 6). O que deixa claro o seu corporativismo.
       Portanto, essa guinada do presidenciável para um discurso mais liberal em termos econômicos é coisa bem recente, podendo ser apenas discurso, sem qualquer intenção real de aplicação prática, ou não.




Episódio I
As ameaças fantasmas.

       Em novembro de 2003, o sequestro de Liana Friedenbach e Felipe Silva Caffé, seguido do assassinato dele e estupros e assassinato dela pelo adolescente Champinha e seus comparsas chocou o Brasil, ficou conhecido como Caso Champinha e levantou a discussão a respeito da redução da maioridade penal, a qual teve como maior defensor o deputado federal Jair Messias Bolsonaro, antagonizado, na época, pela deputada federal Maria do Rosário.
       No mesmo ano, uma entrevista de Jair Bolsonaro no Salão Verde da Câmara para a Rede TV foi interrompida por Maria do Rosário, que o provocou e o chamou de estuprador (um crime contra a honra), ouvindo em resposta um "eu jamais iria estuprar você porque você não merece" e respondendo com a ameaça de dar uma bofetada no deputado, que respondeu com um "dá, que eu lhe dou outra", como pode ser visto no vídeo sem cortes [06]:





       Apesar disso e de toda a polêmica que ocorreu em torno do fato na época, tal ocorrido não foi, por si só, suficiente para projetar Jair Bolsonaro nacionalmente a ponto de transformá-lo num ícone. Isso só começaria a ocorrer anos depois, tanto que, quando, em 9 de dezembro de 2014, o assunto foi retomado em um novo embate entre os dois deputados, dessa vez, em torno da conclusão da Comissão Nacional da Verdade, ele já estava nacionalmente conhecido e era visto como representante por muitos brasileiros.
       Pode-se apontar o ano de 2011 como o início de toda a projeção nacional e da transformação de Jair Bolsonaro num ícone e num símbolo não apenas do anti-petismo, que viria a se tornar predominante com a Operação Lava-Jato, mas, inicialmente, de um sentimento anti-esquerda, anti-socialismo, anti-comunismo, anti-marxismo e anti-progressismo, os movimentos sociais, quase que naturalmente afinados à esquerda, também sendo incluídos como "aquilo que se deve combater".





       Foi nesse ano que, "descoberto" pelo programa televisivo Custe o Que Custar, mais conhecido como CQC, da Band, Bolsonaro passou a figurar frequentemente na televisão, aparecendo quase toda semana no anteriormente referido programa, que foi, "por meio da versão CQC 3.0, um dos primeiros casos de programas de televisão a migrar para a internet e utilizar tais recursos de colaboração e participação do público de forma mais abrangente do que em geral se verifica" (BRANCO; BENTO-GUTH; MIRANDA; COSTA. 2012, p.02).
       O programa também foi pioneiro na migração para as redes sociais, sobretudo, no Twitter. Para se ter uma ideia, em outubro de 2010 [07], o perfil oficial e recém criado do programa contava com 785 seguidos, enquanto o perfil não oficial contava com 422 mil. Por que estou falando do Twitter?
       Porque:


Em 2011, na primeira das duas entrevistas que deu ao programa, Bolsonaro foi questionado pela cantora Preta Gil sobre qual seria a sua reação se um filho seu namorasse uma mulher negra. "Ô, preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como, lamentavelmente, é o teu", respondeu. (Maurício Stycer. 27 Mar 2012)


       Essa entrevista em questão foi ao ar em 28 de março de 2011 (segunda-feira) como parte do quadro "O povo quer saber" e, nela, o então deputado federal pelo PP-RJ também deu várias outras declarações polêmicas, das quais essa se sobressaiu, sobretudo, nas redes sociais.


O assunto dominou as redes sociais e se mantém desde a segunda-feira nos Trending Topics do Twitter, que mede os temas mais comentados do site de microblogs. (Redação da Veja. 29 Mar 2011).


       E, como Maurício Stycer afirmava já em 2012:


Dos 81 senadores e 513 deputados que formam o atual Congresso brasileiro, poucos têm merecido tanto espaço e destaque no "CQC" quanto Jair Bolsonaro. Famoso por suas notórias posições conservadoras, com traços de homofobia e de nostalgia explícita da ditadura militar, o deputado é garantia de polêmica, logo, de audiência.


       Portanto, se ele dava audiência, lógico que voltaria várias e várias vezes ao programa, mesmo com o processo movido pela Preta Gil contra o parlamentar respingando no CQC e sendo arquivado em 2015 (após o referido programa não apresentar à justiça as gravações na íntegra), sempre teve espaço garantido nos quadros dele.



Charge de 2011 de autoria do Amarildo.


       Simultaneamente a isso, as primeiras críticas à presidente Dilma, em seu primeiro mandato, eram feitas, com destaque para a exposição da debilidade da sua capacidade de liderança após intervenções do ex-presidente Lula em seu governo já nos primeiros meses [08].


Amaury de Souza acredita que Dilma "jogou pela janela" os cinco meses de benefício da dúvida que o país estava lhe dando. "O episódio bate em sua imagem como grande administradora", pondera, juntando os estragos causados pelo Código Florestal, os ganhos pessoais do ministro Antonio Palocci e a negociação da cartilha anti-homofóbica do MEC. "Agora há dúvidas quanto à sua capacidade de orientar o governo. E ela tem pela frente três anos e meio de governo". (Gabriel Manzano. O Estado de São Paulo. 27 Mai 2011).


       Na mesma época, essas interferências foram apontadas como uma maneira encontrada pelo ex-presidente para deixar o recado a respeito do seu retorno. Algo que, na minha perspectiva, seria como se ele, desde o começo, tivesse colocado a Dilma como sua sucessora para que ela fizesse um governo ruim a fim de dar margem para as pessoas concluírem que nem mesmo outra pessoa do PT teria capacidade de governar magistralmente o país, apenas o Lula e, portanto, a aprovação de uma perpetuação dele no poder aos moldes do que ocorreu com governos de outros países latino-americanos se daria de maneira "natural".


Souza e Moisés também veem, no estilo Lula como ex-presidente, uma certa intenção de "deixar o recado" de que, "se ela não está preparada para governar, eu estou aí para retornar". [...] (Idem)


       As críticas sobre a sua ingerência no governo Dilma foram tantas, que o ex-presidente se afastou as conter, prometendo se meter menos no Brasil, como noticiado por Ricardo Galhardo, do iG São Paulo, em julho de 2011. Porém, as interferências de Lula prosseguiram nos anos seguintes, não apenas no governo Dilma, como em outras gestões, até chegar ao ponto de incomodar setores do próprio PT em 2013.


[...] a participação de Lula também seria compreensível se ele não extrapolasse os limites da sua atual condição de "ex-presidente".Na semana passada, a intromissão de Lula foi escancarada na foto divulgada pelos jornais com o ex-presidente sentado à mesa e orientando o secretariado do seu pupilo Fernando Haddad. O local? A sede da prefeitura de São Paulo em horário de pleno expediente.Embora previsível, o ativismo político de Lula tem incomodado até integrantes do PT, com a avaliação de que o ex-presidente tem utilizado sua popularidade para interferir excessivamente em gestões que não são suas. "O presidente Lula começou maior do que o partido, depois ficou maior que o governo e agora quer ser maior do que a nação. O PT que ajudei a fundar não tinha dono nem Deus", critica o deputado federal Domingos Dutra (PT-MA). Para o senador Paulo Paim (PT-RS), a postura do presidente é aceitável, mas pode causar desgastes: "Muitas vezes ele poderia se omitir para se preservar. Mas ele prefere se expor". (Laryssa Borges e Gabriel Castro. Veja. 25 Jan 2013).


       E, novamente, a possibilidade de que Lula estava planejando um possível retorno foi levantada na época:


[...] O senador Paulo Paim é mais franco: "Vamos dizer que ele queira mesmo ser candidato em 2014 ou 2018. E daí? Ele vai querer buscar o seu espaço".Afastado oficialmente da política desde o fim de seu mandato, Lula tem atuado sem qualquer cerimônia nas diretrizes do governo de Dilma Rousseff. Foram para seu guichê negociações políticas, nomeações de apadrinhados e até a sessão de reclamações gerais pelo estilo Dilma de governar. Ele impôs nos últimos anos a nomeação de ministros no governo da sucessora - são de sua cota a nomeação de Antônio Palocci, Wagner Rossi, Alfredo Nascimento, todos abatidos por escândalos políticos - e o aparelhamento de agências reguladoras.As reais pretensões políticas de Lula ainda não são claras nem mesmo para aliados. Interlocutores negam a hipótese de uma candidatura presidencial em 2014, mas, nos bastidores, quem convive com o ex-presidente há tempos, não trata essa possibilidade como assunto resolvido. No PT, não faltam simpatizantes à ideia de uma candidatura já em 2014. O próprio Lula deixou escapar suas ambições no ano passado, quando fez campanha proibida e levou o então "poste" Fernando Haddad ao "Programa do Ratinho", no SBT. Questionado pelo amigo e apresentador de TV se pensava em voltar à cena política em 2014, Lula rebateu: "Se ela (Dilma) não quiser, eu não vou permitir que um tucano volte a ser presidente do Brasil". (Idem).


       Agora, observe que isso aconteceu enquanto Jair Bolsonaro era alavancado pelo CQC e pelas redes sociais devido às suas polêmicas e, também, por ser, como membro da Comissão de Direitos Humanos em 2011 [09], o principal opositor do programa "Escola Sem Homofobia", um "material preparado pelo Ministério da Educação para distribuir nas escolas com intenção de combater o preconceito contra homossexuais" (Uol Notícias. 01 Abr 2011) e que foi apelidado de "kit gay".


[...] A notoriedade de Bolsonaro no plano nacional teve início quando ele começou a fazer discursos agressivos contra o "kit gay" e a educação sexual nas escolas em 2011. Não foi uma ascensão acidental, foi estratégica. (Flávia Tavares. 21 Abr 2016).


       Outra mostra dessa ascensão de Jair Bolsonaro é que ocorreram distúrbios já em 2011 numa manifestação em defesa a ele e tentativa de impedimento da mesma na Avenida Paulista, entre outras manifestações contrárias a ele e provocativas, como um debate sobre homoafetividade na Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense para o qual ele foi convidado. Sobre esse evento, Reinaldo Azevedo escreveu um artigo para a Veja, que foi reproduzido no blog da "Família Bolsonaro", sendo digno de nota o post scriptum dele: "A cada evento como esse, aumenta o eleitorado de Bolsonaro. Essa corja incapaz de contestar de modo civilizado aqueles de quem discorda é o maior cabo eleitoral do deputado" (Reinaldo Azevedo. Veja. 20 Set 2011) e o comentário de um leitor no blog do clã político:



Print da seção de comentários do post Bolsonaro na UFF, do blog "Família Bolsonaro".


       Portanto, tínhamos duas ameaças fantasmas já em 2011: a candidatura de Luís Inácio "Lula" da Silva para o seu terceiro mandato e a candidatura de um "político folclórico" para a presidência da República. Essas duas ameaças somadas gerariam um cenário político inusitado, no qual teríamos, em 2014 ou 2018, um candidato apregoado como discriminador de minorias ("negros" [10], pessoas LGBT, mulheres e outras) e nostálgico da ditadura militar concorrendo à presidência da República contra um político apregoado como representante e defensor dessas mesmas minorias. Um cenário polarizado mais do que perfeito para levar este último ao poder - o que quase aconteceu.




Episódio II
As Guerras Clônicas.

       O ano de 2013 foi, sem dúvida alguma, aquele que marcou o primeiro mandato do governo de Dilma Rousseff devido às manifestações populares que ficaram conhecidas como Jornadas de Junho, Manifestações de Junho ou, ainda, Manifestações dos 20 Centavos, pois tudo começou a partir de manifestações realizadas em janeiro de 2012 contra o aumento da tarifa de transporte público na passagem de 2011 para 2012.


Seis capitais brasileiras tiveram aumento de tarifas de ônibus municipais desde dezembro de 2011. [...]O total de cidades que tiveram reajuste foi menor do que as que registraram aumento na virada de 2010 para 2011, quando 11 capitais passaram a ter tarifas mais caras. Mesmo assim, os reajustes mais recentes geraram ondas de protestos em diferentes cidades do país. Em Vitória e em Teresina, onde houve manifestações mais exaltadas, a polícia chegou a reprimir os protestos e a prender manifestantes. (Daniel Buarque e Glauco Araújo. 20 Jan 2012).


       As manifestações cresceram e se desenvolveram absurdamente, mas não tratarei delas em si, pois existe farta literatura de fácil acesso a respeito das mesmas. Porém, uma coisa sobre elas que deve ser mencionada é a pluralidade de pautas, de reivindicações, sendo que havia, por parte de pessoas à esquerda, um entendimento de que o governo de Dilma se encontrava à "direita" [11].


Entre a turma de esquerda, parece haver pelo menos três visões: de um lado, os que não dão 20 centavos pelo governo Dilma Rousseff e pelo PT, porque a gestão orienta-se mais pelos marcos regulatórios (do petróleo, da mineração, dos portos) do que por transformação social, porque deixou-se sequestrar pela direita e pela coesão artificial de sua base no Legislativo. (Anselmo. 18 Jun 2013).


       Mas, por que isso importa? Porque havia setores da própria "esquerda" que, já naquele momento queriam a Dilma fora da presidência, não sendo eles os únicos, pois é possível encontrar algumas manifestações pedindo o impeachment da presidente já em 2013 em blogs da época, como no post "Impeachment da presidente Dilma", no blog "Graça no País das Maravilhas", e no post "A vaia contra Dilma no dia 15 de junho de 2013", do blog de Fernando Rodrigues, em cuja seção de comentários é possível ler o seguinte:



Como este print é de 12 de outubro de 2018, o "5 anos atrás" ao lado do nome do usuário se refere ao ano de 2013, mesmo ano do post no qual ele deixou tal comentário.


       E, além de cinco pedidos de impeachment da então presidente Dilma Roussef até 2012, incluindo um em que um homem alegava que Dilma, enquanto candidata, havia exposto uma foto dele nu para a apresentadora Luciana Gimenez, em 2013 surgiu pelo menos mais um, encabeçado pelo líder do Avaaz no Brasil, o Pedro Abramovay, que havia sido secretário nacional de justiça durante o governo Lula e pediu demissão em 21 de janeiro de 2011.
       Outro ponto interessante de se mencionar é quanto à imprevisibilidade das Jornadas de Junho de 2013. Imprevisibilidade essa apontada na afirmação que Lula fez em 02 de agosto de 2013 "que as manifestações iniciadas em junho em todo o país pegaram de surpresa partidos de esquerda, de direita e também o movimento sindical. A declaração foi feita em discurso ao 19º Foro de São Paulo" (Roney Domingos. G1. 02 Ago 2013) [12].


"Esses movimentos que aconteceram aqui no Brasil pegaram de surpresa todos os partidos de esquerda, pegaram de surpresa todos os partidos de direita, todo o movimento sindical", afirmou. "O movimento sindical, com todos os recursos que tem, nem sequer tem uma comunicação pela internet. Nós, na verdade, estamos ficando velhos", disse Lula. (Idem).


       E pode ser que haja verdade nessa afirmação, mas não há nela menção a uma possibilidade grave: o patrocínio das manifestações por corporações estrangeiras. E eles sabiam dessa possibilidade, porque, como Fernando Haddad revelou em junho de 2017, Putin e Erdogan os teriam alertado.


O ex-prefeito Fernando Haddad afirmou, em uma longa análise da conjuntura política publicada na edição de junho da revista Piauí, que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff dificilmente teria ocorrido se não fossem as manifestações de 2013, que ficaram conhecidas como "Jornadas de Junho".Haddad revelou que, à época, tanto Dilma quanto o ex-presidente Lula foram alertados pelos presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Turquia, Recep Erdogan, sobre a grande possibilidade de que os protestos estivessem sendo patrocinados por grandes corporações que sequer estavam no Brasil."Já naquela ocasião vi um estudo gráfico mostrando uma série de nós na teia de comunicação virtual, representativos de centros nervosos emissores de convocações para os atos. O que se percebia era uma movimentação na rede social com um padrão e um alcance que por uma geração espontânea dificilmente teria tido o êxito obtido. Bem mais tarde, eu soube que Putin e Erdogan haviam telefonado pessoalmente para Dilma e Lula com o propósito de alertá-los sobre essa possibilidade", lembrou o petista, que é professor de Ciência Política na USP. (Diário do Centro do Mundo, replicando texto do Jornal do Brasil. 05 Jun 2017). [13]


       Agora, observemos que, entre 11 e 13 de julho de 2011, Lula esteve na Tunísia e no Egito a convite de rebeldes do Oriente Médio.


Na Tunísia, Lula foi convidado pelo Partido Democrata Progressista, um dos pilares dos protestos que levaram à queda do ditador Bem Ali e que agora integra o governo de transição. No Egito, Lula fará uma palestra na Biblioteca de Alexandria a convite da fundação Nebny, que apoiou a rebelião contra a ditadura de Hosny Mubarak. O convite é assinado por Wael Ghonim, presidente do Google no Oriente Médio e um dos símbolos do movimento contra Mubarak, além de outros quatro jovens que lideraram os protestos. (Ricardo Galhardo. iG São Paulo. 05 Jul 2011).


       Tais rebeliões fizeram parte da onda de revoltas que assolou e derrubou governos no mundo árabe em 2011, no que ficou conhecido como "Primavera Árabe" e que, assim como o Occupy Wall St, nos EUA, e o movimento Los Indignados, na Espanha, teve o mesmo processo de "propagação viral". Processo esse que também se deu nas Jornadas de Junho e nas manifestações ocorridas na Turquia em junho de 2013. Sim, a Turquia do então primeiro-ministro Erdogan também passou por protestos no mesmo período que o Brasil e também em dezembro de 2013 [14], após um grande escândalo de corrupção atingir o seu governo - e ele reagiu com força às manifestações.
       Portanto, houve, indiscutivelmente, um elemento em comum em todos esses protestos, que foi a presença da internet e, mais especificamente, das redes sociais, com uma suspeita de patrocínio de corporações relacionadas à internet ou a essas redes sociais, se valendo, como a Cambridge Analytica se valeu para influenciar a eleição presidencial dos EUA de 2016, dos dados dos usuários dessas redes.



Uma das imagens emblemáticas das Jornadas de Junho de 2013.
Foto: Mídia Ninja.


       Observe, ainda, que o presidente do Google no Oriente Médio foi um dos símbolos na revolta contra o ditador egípcio em 2011 e que Lula se encontrou com ele. Qual seria, então, a possibilidade de que Lula soubesse o que viria em 2013, mas tivesse deixado ocorrer para aproveitar as manifestações politicamente?
       Por mais que pareça uma possibilidade absurda, ela não é nem um pouco fora da realidade e o nosso "amigo" Erdogan pode ajudar na explicação do que quero dizer. Isso porque, no dia 15 de julho de 2016 [15], houve uma tentativa de putsch [16] contra Erdogan, tentativa essa que só foi definitivamente sufocada na manhã de 16 de julho, sendo que muitas incógnitas permaneceram quanto ao ocorrido, havendo até mesmo o entendimento de que se trataria de um "golpe sob controle":


O centro de operações dos golpistas se estabeleceu na base de Akinci, pertencente às Forças Aéreas e situada nos arredores da capital turca, Ancara. Para o Governo Islâmico, quem supervisionou a sublevação foi Fethüllah Gülen, um clérigo exilado nos EUA que dirige uma vasta e secreta rede de seguidores que durante décadas se infiltraram na Administração. Até 2013, foi aliado do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, mas desde então são inimigos mortais. A oposição turca também acha que os gülenistas tiveram um papel indiscutível no levante militar, mas também acha que outras facções estiveram envolvidas. O partido socialdemocrata CHP afirma em um relatório que se tratou de "um golpe sob controle": o Governo sabia sobre ele, mas deixou que acontecesse para aproveitá-lo politicamente. (Andrés Mourenza. El País. 15 Jul 2017).


       Portanto, similarmente a Erdogan, Lula possivelmente sabia a respeito das manifestações, mas elas viriam para beneficiá-lo politicamente, já que a própria esquerda se encontrava insatisfeita com o governo de Dilma Rousseff e ele pretendia, sim, concorrer à presidência da República em 2014, tal como foi revelado por Marta Suplicy em uma polêmica entrevista concedida à jornalista Eliane Catanhêde e publicada em 11 de janeiro de 2015 pelo jornal "O Estado de São Paulo" [17]:


Articuladora assumida do "Volta, Lula" em 2014, ela também deixou suficientemente claro que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em alguns momentos, autorizou o movimento nesse sentido. [...]

[...]

E falaram nele como candidato?

Ninguém falou claramente, mas todo mundo saiu dali com a convicção de que ele era, sim, o candidato.

Ele admitia que queria ser?

Nunca admitiu, mas decepava (sic) ela: 'Não ouve, não adianta falar.

Ele estava incomodado com a Dilma?

Extremamente incomodado. E isso é que foi levando ele a achar que tinha de ser o candidato e fui percebendo que a ação dele foi mudando. A verdade é que ele nunca disse, mas sempre quis ser candidato e achou que ia ser.

[...]


       Basicamente e lembrando que, em 2012 (antes das manifestações), no Programa do Ratinho, Lula declarou que se a Dilma não quisesse concorrer em 2014, ele não permitiria um tucano voltar ao poder, o que se conclui é que, sim, Lula tinha planos para voltar ao poder já em 2014 e apenas não concorreu ali porque a Dilma não permitiu por meio de um complô entre Mercadante, Rui Falcão e José Santana (marqueteiro de Dilma), como informado por Marta Suplicy na já mencionada entrevista.




Episódio III
A vingança do Sifú.



PaDilmá, a aprendiz de Sifú;
Bolsonakin, o messias e novo aprendiz de Sifú;
Obi-Us Tranobi, que decepou e não matou;
Imperador Papudin', o mestre Sifú "Darth Silvious".


       Em 2014, o cenário para o retorno de Lula era muito propício, já que havia um forte sentimento nostálgico do governo dele misturado a uma crítica contra o governo de Dilma Rousseff, que era atacada pela própria esquerda, como os ataques feitos pela então presidenciável Luciana Genro (PSOL) durante os debates atestam. Além disso, Aécio Neves (PSDB) não tinha força suficiente para enfrentar o ex-presidente, como pesquisas de 2012 já apontavam e como ficou atestado na eleição de 2014 com a derrota dele para a desgastada Dilma.
       Porém, talvez o estratagema feito por Dilma e Mercadante para barrar a candidatura de Lula em 2014 tenha sido providencial para este ou permitido por ele, já que seria muito melhor retornar ao poder sem a necessidade de um acordo com os bancos, tal qual em 2002, mas isso só seria possível com o ex-presidente retornando ao comando do país carregado nos braços do povo contra um inimigo terrível, uma encarnação do próprio mal, alguém que fizesse a população, sobretudo, a das classes baixas, por um salvador da pátria, principalmente durante ou após um período de muita turbulência.
       Agora, é interessante observar que o Lula já tinha noção de uma tese a respeito de como um ex-presidente poderia retornar ao poder "nos braços do povo" após o fracasso de um sucessor, uma vez que ele atribuiu tal tese ao Fernando Henrique Cardoso em relação a si próprio num trecho de uma entrevista à Folha de São Paulo que não foi publicado pelo jornal, mas veio à tona pela Revista Fórum:


Lula: [...] Eu dizia antes da campanha, cada vez que eu conversava com o Fernando Henrique Cardoso, ou cada vez que alguém conversava com ele, as pessoas vinham aqui falar pra mim: 'ô, Lula, o Fernando Henrique Cardoso, ele tá torcendo por você', parecia impossível imaginar, o Serra era candidato. Mas porque era impossível?Jornalista: Pra ele poder voltar depois.Lula: Não tô dizendo que era, mas porque que a tese tem força? É porque na cabeça de um intelectual, na cabeça de alguém muito estudado, ou seja, ele imaginava o seguinte 'se o Serra for eleito, ele vai querer governar oito anos e então tchau tchau. Se o Lula for eleito, coitadinho... ele é operário, ele só tem o diploma primário, ele não fala espanhol, ele não fala francês, ele não fala inglês... não vai dar certo... então ele vai ficar coitadinho, não vai dar certo, quando eu voltar, quando ele tiver terminando o mandato, eu vou voltar nos braços do povo', era essa a ideia... [...] (Equipe Dilma. Revista Fórum. 05 Mar 2018).


       Além disso, ou melhor, somando-se a esse conhecimento, as manifestações de junho de 2013, que foram encabeças por movimentos de "esquerda", traziam consigo um enorme risco para o totalitarismo, fosse ele à "esquerda" ou à "direita", já que:


R. Para ter ruptura, é preciso ter um confronto enorme. O maior risco estava nos confrontos com a polícia, que são provocados em busca de um apelo social que comprove que a ordem social está errada. E ocorreram agressões horrendas e absolutamente criminosas por parte da polícia. Ninguém gosta disso, é um perigo. Mas o pior confronto aconteceu, por coincidência, quando os aumentos das passagens estavam sendo revogados. O principal deles foi em Brasília, no Itamaraty. Foi estarrecedor e perigosíssimo, mas virou nota de rodapé de jornal. Por que uma manifestação sobre preço de passagem tem de ir para o Ministério das Relações Exteriores, e não, por exemplo, para o Ministério da Justiça, que fica do outro lado da rua? Como cuida de coisas ultramar, o Itamaraty é guardado pela Marinha. Se houvesse confronto entre manifestantes e Forças Armadas, duvido que dali a uma semana não teria acontecido um golpe. Provavelmente 99% da manifestação não sabia disso, mas a linha de frente sabia: se você tem uma cacetada entre um membro das Forças Armadas e um manifestante, ainda mais com o histórico de ditadura militar que nós tivemos, o Brasil hoje seria outro, seria difícil eu conseguir escrever um livro desses.

P. Mas teria que aparecer alguém para assumir o comando do país.

R. Exatamente, para salvar tudo. Meu grande problema com esse personalismo é que quando está todo mundo com o mesmo slogan, de que "o Brasil acordou", "vem pra rua", coisas genéricas, todo mundo concorda, todo mundo quer mais saúde, mais educação, tudo coisas muito abstratas, e quem aparecer dizendo que representa essas pessoas vai de fato passar a representá-las. Assim, a divisão de poderes some. Para que eleições ou impressa livre se está todo mundo pensando a mesma coisa? O totalitarismo começa com esse discurso de participação nas ruas, esse ativismo cívico de micareta que acaba sendo péssimo. (Flávio Morgenstein em entrevista a Rodolfo Borges. El País. 01 Ago 2015).


       Agora, observe que esse sentimento permaneceu após 2013 e se alastrou com a Operação Lava Jato em 2014 e a crescente impopularidade de Dilma, mas, desta vez, tal sentimento se encontrava polarizado entre os "coxinhas" e os "mortadelas", com o principal partido opositor do PT perdendo cada vez mais força, sobretudo, após o claro envolvimento de membros de suas fileiras com o esquema de corrupção, a ponto de tentarem obstruir a justiça, como é o caso de Aécio Neves.
       Desta feita, com a popularidade de Dilma ruindo cada vez mais e aqueles que outrora foram seus principais antagonistas demonstrando não possuir forças o suficiente para uma polarização com ele, já que se mostravam como aliados nos esquemas, Lula tinha o terreno mais do que perfeito para construir o seu retorno, porém, precisava de um ser que lhe fosse antagônico. Isso seria um problema, se tal ser não viesse sendo "carinhosamente cultivado" pela "esquerda" desde 2011, tal como já demonstrei e várias pessoas viam isso muito antes de qualquer anúncio informal de Jair Bolsonaro de que concorreria à presidência, como a jornalista Madeleine Lacsko deixa claro em um vídeo de 2016 [18]:





       O propósito da "esquerda" ao pegar um político irrelevante e tratá-lo como uma espécie de criatura nazi-fascista toda-poderosa e essencial e absolutamente má sempre me foi bastante claro: provocar um medo irracional nas massas e, assim, aumentar os seus próprios votos.
       Afinal de contas, exatamente por essa polarização entre um indivíduo da "esquerda" que representa o bem e o Bolsonaro, suposto representante da "direita" e personificação do mal, é que o deputado federal Jean Wyllys passou de 13 mil votos em 2010 para 144 mil votos em 2014, sendo que o período entre uma eleição e outra foi marcado pela polarização entre ele e Jair Bolsonaro, que passou de 120.646 votos em 2010 para 464.572 em 2014, ou seja, Jean Wyllys aumentou seus votos em mais de 10 vezes e Bolsonaro, em quase 4 vezes.
       Portanto, seria um sistema de retroalimentação perfeito, ainda mais se lembrarmos que o PT sempre adotou a estratégia de tentar causar medo nas pessoas ao pintar seus adversários como desalmados e a maneira mais comum pela qual fizeram isso foi afirmar que os seus oponentes (Alckmin em 2006, Serra em 2010 e Aécio em 2014) extinguiriam o Bolsa-Família e outros benefícios sociais se fossem eleitos.



O sistema da polarização pelo medo pode ser representado
pela Ouroboros, a serpente que engole o próprio rabo.


       Porém, mesmo com essa parte do plano já em pleno funcionamento, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva necessitaria das condições mínimas para poder ser apontado como o salvador da pátria e retornar ao jogo. Essas condições surgiriam com a intensificação da crise do governo Dilma, mas, veja bem, ela não poderia chegar até o final do mandato para só então ele concorrer à presidência. Não, o ideal seria que houvesse uma ruptura para que ele e o PT tivessem uma narrativa com a qual trabalhar. Duvida?
       Lembre-se da entrevista polêmica da então petista Marta Suplicy em 11 de janeiro de 2011, a qual citei na seção anterior. Dias depois, em 27 de janeiro, Marta teve um artigo publicado no Estadão, em que fez novas críticas à Dilma e ao PT. Na ocasião, o então senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) escreveu o seguinte em sua página no Facebook:


A estratégia é óbvia. Marta Suplicy se veste com os argumentos da oposição para conquistar seu passe livre para disputar a Prefeitura de São Paulo, ao mesmo tempo que cria uma corrente petista para descolar Lula da imagem catastrófica de Dilma. Mas não adianta. Dilma é cria de Lula com certidão, RG e DNA. (Ronaldo Caiado citado por Felipe Moura Brasil. Veja. 27 Jan 2015).


       A respeito disso, o jornalista Felipe Moura Brasil (Veja. 27 Jan 2015) disse o seguinte:


Caiado faz bem. A oposição tem de desmascarar o ventríloquo Lula e seus bonecos Marta Suplicy e Gilberto Carvalho, usados para imunizar o ex-presidente contra o eventual fracasso o governo Dilma, conforme já dito neste blog. A estratégia é óbvia: Lula se mantém contra, a favor, favoravelmente contra ou 'contramente' a favor do governo - e, dependendo de como estiver a opinião pública na época das eleições, usa a narrativa com maior potencial de angariar votos.Se Dilma estiver bem, ele é seu criador. Senão, ela não ouviu seus conselhos etc. e tal.


       Embora Felipe Moura Brasil apontasse a possibilidade de Lula talvez usar uma narrativa para o caso de o governo Dilma ir bem, as evidências são de que havia um desejo para que ele fosse mal, permitindo o seu retorno juntamente com um retorno do PT às origens.


O Apedeuta anda criticando o governo Dilma em conversa com interlocutores. Primeira pergunta: ele quer voltar? A segunda: há a possibilidade de ser ele o candidato do PT? A terceira: as críticas fazem sentido?Pois é... Vou começar pela mais fácil... Sim, Lula adoraria voltar. Eu diria até que, intimamente, ele não pensa em outra coisa. Mas sabe que isso é muito difícil - diria mesmo ser impossível hoje. Num cenário de catástrofe, não tenham dúvida de que o salvador da pátria se apresentaria. (Reinaldo Azevedo. Veja. 24 Fev 2014).


       Reinaldo Azevedo também já vislumbrava a possibilidade que apresento aqui em 2014, mas ele não via como possível já que, no começo daquele ano, apesar das críticas ao governo Dilma, o cenário ainda não era de catástrofe - isso começaria a partir de março. Mas, nesse mesmo artigo, o jornalista aponta o comportamento e críticas de Lula ao governo da sua sucessora.


[...] Talvez, lá no fundo do peito, nos seus desejos mais recônditos, mais profundos, o ex-presidente até torcesse para que ela despencasse e se mostrasse uma candidata de alto risco. Mas isso não aconteceu. Botá-la em escanteio seria visto como um gesto truculento e, na verdade, desnecessário.Então, sintetizo agora duas respostas numa só: querer, ah, ele quer muito. Mas não pode. Não tem como tirar Dilma do meio do caminho.Lula virou uma espécie de psicanalista de alguns setores descontentes com o governo. Tem recebido uma verdadeira romaria - inclusive de alguns pesos pesados da economia - que lhe pedem para voltar. Desde José Rainha - um dissidente esquerdista do MST, que agora fundou seu próprio movimento - a alguns pesos pesados do PIB, a romaria dos que vão a Lula é grande.E ele não se furta ao papel absurdo de presidente paralelo. Ouve as reclamações, tranquiliza o interlocutor, promete providências e, como se nota, deixa vazar críticas à sua sucessora. Lula, como sempre, está descumprindo uma promessa. Tinha anunciado que seria um ex-presidente discreto e silencioso, como nunca antes na história deste país, para usar um bordão seu. E, como nunca antes na história deste país, é um ex-presidente que tem a ambição de continuar governando.O chefão petista considera [...] o governo Dilma centralizador demais e avalia que ela se afastou dos empresários. Acha a gestão pesada, lenta. Acredita também que a atual equipe econômica já deu o que tinha de dar - vale dizer: Guido Mantega. [...] (Idem).


       Isso ainda em 2014, antes das eleições, e, após Dilma ser eleita numa eleição apertadíssima contra Aécio Neves, Lula prosseguiu com as críticas, as quais nem sempre vieram diretamente de Lula. Tal qual como, em 2014, Marta Suplicy fez o papel de porta-voz de Lula para lançar críticas ao PT e ao governo Dilma, pode-se dizer que Ricardo Kotscho, amigo de Lula há mais de 3 décadas e ex-secretário de imprensa dele durante a presidência da República, cumpriu esse papel no começo de 2015 com uma publicação "No Balaio do Kotscho", seu blog pessoal.


Pelo ranger da carruagem desgovernada, a oposição nem precisa perder muito tempo com CPIs e pareceres para detonar o impeachment da presidente da República, que continua recolhida e calada em seus palácios, sem mostrar qualquer reação.O governo Dilma-2 está se acabando sozinho num inimaginável processo de autodestruição.A presidente teve todo o tempo do mundo para pensar em soluções para a Petrobras, desde que esta grande crise estourou no ano passado, mas só se dedicou à campanha pela reeleição e à montagem do seu novo ministério. [...] (Ricardo Kotscho. 05 Fev 2015).


       Chama a atenção o fato de que, nem bem o segundo mandato de Dilma havia começado, e alguém próximo a Lula já cogitava o impeachment da então presidente, mas, verdade seja dita:


A gritaria contra a presidenta Dilma Rousseff soa isolada em ruas e redes sociais desde o dia da sua reeleição, em 26 de outubro do ano passado, mas entrou na pauta política do país com o surgimento das primeiras ramificações políticas da Operação Lava Jato, principalmente depois da denúncia de que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, teria recebido 200 milhões de dólares em propina por meio de contratos da Petrobras. Foi nesse contexto que o jurista Ives Gandra Martins redigiu um parecer para dizer que já existe base jurídica para um pedido de impedimento da presidenta. (Rodolfo Borges. El País. 14 Fev 2015).


       Portanto, o assunto não era exatamente novo, mas o parecer feito pelo jurista alguns dias após o post de Ricardo Kotscho repercutiu por ter sido feito a pedido de um membro do conselho do Instituto Fernando Henrique Cardoso, o que gerou acusações de golpe e a necessidade de FHC vir a público falar a respeito do seu não envolvimento com o ocorrido. A propósito, por falar nos opositores históricos do PT, a oposição ao governo Dilma recusava-se a aderir abertamente ao clamor pelo impedimento da presidente:


Os opositores do Governo resistem em defender abertamente o impeachment de Dilma Rousseff neste momento, mas, apostando no desgaste da gestão Dilma, não deixam o assunto sair de foco, e alguns deles, como o senador Ronaldo Caiado (DEM), ensaiam ir à passeata contra a presidenta marcada para 15 de março. O movimento, que conta com adesões em 15 Estados, ganhou força depois que pesquisa Datafolha mostrou uma brusca queda de popularidade da presidenta Dilma Rousseff. (Idem).


      Aécio Neves, inclusive, em 04 de novembro de 2014, declarou que não era golpista e que não achava que existia algum fato específico que pudesse levar ao impeachment. Mas, em 2015, a coisa já estava diferente e, com as cogitações de impeachment, o ex-presidente Lula foi um dos que, novamente, criticou a sua sucessora fantoche rebelada, chegando ao cúmulo de protagonizar duas inserções de 30 segundos cada para defender o governo, mas sem qualquer menção a ela! [19]


A aliados, o petista tem feito reiteradas críticas à política econômica do governo federal, voltada ao ajuste fiscal e ao corte de investimentos. Segundo governadores petistas ouvidos pelo G1, Lula defende que o governo invista em pautas sociais e volte a se aproximar do povo. (Nathalia Passarinho e Filipe Matoso. G1. 29 e 31 Out 2015).


       Meses antes, em 09 de março de 2015, Dilma foi obrigada a vir a público para se manifestar a respeito da possibilidade de sofrer um impeachment, cujo processo, como já disse, se iniciaria apenas em 02 de dezembro do mesmo ano. Agora, observe que, nesse contexto todo, o ex-presidente Lula ser o protagonista de propagandas (veiculadas antes do início do processo de impedimento) que sequer mencionam ou mostram a então presidente Dilma só poderia significar uma coisa: a pavimentação, por Lula, do terreno já construído para o seu retorno ao poder.
       No universo da franquia Star Wars, a ordem de usuários da Força que atendem pela denominação "sith" se caracterizam pela "regra de dois". Tal regra versa que só pode haver dois sith de cada vez, sempre um mestre e seu aprendiz, sendo que este último deveria, ao se sentir forte o suficiente, desafiar, derrotar e matar o seu mestre, assumindo o seu posto e, então, podendo tomar um discípulo para si mesmo.
       Obviamente, nem sempre o aprendiz sith saía vitorioso do duelo contra o seu próprio mestre, o que significava a sua morte. Ao tramar juntamente com Aloizio Mercadante (contra quem Lula também fez severas críticas durante encontro com líderes religiosos em junho de 2015, mesma ocasião em que disse que Dilma e ele estavam no volume morto) para barrar a candidatura de Lula à presidência da República em 2014, Dilma agiu como um aprendiz sith desafiando e tentando destronar o seu mestre, porém, diferentemente de um mestre sith derrotado, do prefeito petista Celso Daniel e sete outros homens ligados ao caso que leva o seu nome, Lula não foi assassinado (nem deveria ser, que fique claro).



Essa imagem eu peguei daqui.
Outras informações sobre essas mortes podem ser obtidas na Veja.


       Vivo, é certo que ele aproveitou para pavimentar o seu retorno às custas da intensificação da crise do governo de sua pupila - que se recusava a viajar pelo país e conversar com quem deveria - e do clamor pela sua volta, afinal de contas, a memória recente ditava para muitos que os dois mandatos dele haviam sido os melhores da história do Brasil. O mestre sith, assim e com a queda de Dilma, se vingava de sua discípula fraca.




Episódio IV
Uma nova esperança.

       Após o início do processo de impeachment de Dilma Rousseff em 02 de dezembro de 2015, as críticas de Lula e aliados à discípula fracassada não cessaram. Por exemplo:


Em entrevista ao blog de Josias de Souza, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), criticou a gestão da presidente Dilma Rousseff e afirmou que a petista deve "resgatar a política econômica do governo Lula". (Valor. 21 Fev 2016).


       Atacando a então presidente ao mesmo tempo que exalta Lula, além de, noutro trecho da entrevista (disponível no site do jornal "Folha de São Paulo"), não parecer fazer questão da presença dela em sua campanha para a reeleição à prefeitura de São Paulo.
       Quanto às críticas de Lula à Dilma em 2016, elas apareceram um pouco depois da de Haddad, em trechos de gravações de conversas que vazaram em março...


Ela está fazendo proposta para o mercado que é inimigo dela. Nenhum cara do mercado vai votar nela. O mercado que ela tá pensando em agradar não quer reforma da previdência. Quer o fim dela. (Lula, para Vagner Freitas. Jornal da Globo. Edição de 17 Mar 2016).


       ...E em maio, mas, nesse segundo trecho, é o ex-presidente José Sarney que, em conversa com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, diz o que Lula teria contado a ele:


Ele (Lula) chorando. O que eu ia contar era isso. Ele me disse que o único arrependimento que ele tem é ter eleito a Dilma. O único erro e o mais grave de todos. (José Sarney, para Sérgio Machado. Congresso em Foco. 28 Mai 2016).


       Portanto, é mais do que claro que a queda da presidente Dilma beneficiaria o Lula, mas não apenas ele. Considerando o envolvimento do mesmo em todo o esquema de corrupção que dilapidou o Brasil, a derrocada dela beneficiaria toda a quadrilha composta por PT, PMDB (agora MDB) e outros, incluindo o PSDB, permitindo a reorganização das coisas ao status quo de quando a roubalheira corria solta e ninguém nem tinha ideia da dimensão de tudo.
       Todavia, as lideranças petistas não contavam com uma coisa, ou melhor, com três: que o cerco da Lava Jato realmente chegaria até eles tão rapidamente como chegou; que a maior parte da população não compraria a narrativa de perseguição política e incriminação injusta deles, sobretudo, de Lula; que o indivíduo cuidadosamente cultivado (sem saber) para servir de inimigo preferencial, representante de tudo o que há de ruim no mundo (racismo, machismo, homofobia, xenofobia, militarismo, etc.), sairia melhor do que a encomenda, crescendo mais do que o previsto e se tornando uma ameaça real para o retorno de Lula.



A internet (e os memes) estava nas contas petistas, tanto que,
já em 2014, Dilma Rousseff contou com robôs para influenciar nas eleições, por exemplo.


       Na política, quem se antecipa ganha e, assim como muitas tecnologias utilizadas contemporaneamente já haviam sido desenvolvida muitos anos antes de estarem disponíveis no mercado, determinados cenários resultam de planejamentos feitos quatro, oito, doze ou mais anos antes. No Estado do Amapá, por exemplo, parte do cenário do pleito estadual de 2018, que conta com o senador Davi (DEM) concorrendo para o governo sob o apoio do senador Randolfe Rodrigues (REDE) e do prefeito Clécio Luís (REDE), foi configurado já no segundo turno do pleito municipal de 2012, quando a aliança entre ele e a "dupla dinâmica" (que, então, eram filiados ao PSOL) se formou, consistindo no apoio dele ao Clécio Luís [20] e, em troca, eles o apoiariam para o governo em 2018.


Clécio foi eleito prefeito de Macapá em 2012 pelo PSOL, mas trocou de partido após firmar uma aliança com o DEM, que financiou 95% dos gastos de sua atual campanha.
Em troca, o DEM espera o apoio do ex-socialista ao senador Davi Alcolumbre, provável candidato ao governo do Amapá em 2018. (Dhiego Maia. Folha de São Paulo. 30 Out 2016).


       Da mesma forma, as conexões descritas aqui não são impossíveis e menos ainda improváveis, mas o tiro saiu pela culatra e, no lugar de se criar um monstro ameaçador para a maior parte da população brasileira e a necessidade da volta de Lula como o salvador da pátria, o que criaram foi um salvador da pátria para a maioria dos brasileiros e um porta-voz de uma ou mais culturas cerceadas [21] ao mesmo tempo em que desmascararam, para muitos, o Lula, para quem uma releitura quase literal do seguinte trecho [22] da música "Como Nossos Pais", de autoria o célebre Belchior [23], cai feito uma luva:


Hoje eu sei,
que quem me deu a ideia
de uma nova consciência
e juventude,
'tá em casa
guardado por Deus,
contando os seus metais


       Ou melhor, caiu feito uma luva até ele ser preso pela Polícia Federal em 07 de abril de 2018 e dar início a toda uma estratégia eleitoral que se mostrou das mais erradas, com o seu "poste" de última hora obtendo um desempenho pior que o de Dilma Rousseff - que, diga-se de passagem, foi sim uma marionete de Lula, mas não foi submissa como o Haddad se mostrou.




CONSIDERAÇÕES FINAIS

       Reitero que o que foi apresentado aqui trata-se de uma teoria, a qual foi construída a partir da análise de todo o cenário político brasileiro dos últimos 16 anos (portanto, de 2002 a 2018). Obviamente, coisas acabaram ficando de fora por serem demasiado extensas (o Caso Celso Daniel, por exemplo) ou complexas (ex.: dá para explicar todo o titânico esquema de corrupção petista sob a ótica de isso ser necessário para a causa, sobretudo, a fim de instaurar a descrença total nas instituições e o sentimento de ser necessário reformar absolutamente tudo, o que poderia levar a uma nova Assembleia Constituinte, que poderia ser usada para transformar o país numa espécie de China ou Venezuela), o que deixaria este já extenso texto ainda maior.
       Outras coisas, entretanto, podem ter ficado de fora por puro esquecimento ou desconhecimento mesmo e, neste caso, aceito contribuições (com os devidos links, se possível) nos comentários.
       Por falar sobre os comentários, espero que você entenda que não possui a menor obrigação de tomar a teoria exposta neste texto como "a verdade", algo sério ou congênere - se quiser levar no entretenimento, que seja. Eu mesmo a enxergo apenas como uma possibilidade real mediante a ligação de determinados pontos, sendo que não tive qualquer intenção de cometer uma cherry picking [24], embora isso possa ter ocorrido e, se tiver, comentários (sobretudo, os com links confiáveis) são bem vindos.
       Mas e aí, o que você achou? Concorda? Discorda? Acha que essa narrativa toda daria um bom filme ou série? Quem deveria interpretar quem? Comente.





NOTAS

[01] As caricaturas de Dilma Rousseff, Luís Inácio "Lula" da Silva e Jair Bolsonaro são de autoria de Amarildo Lima, clique nos nomes para ser redirecionado às charges de onde foram tiradas. A caricatura de Fernando Haddad, eu encontrei no perfil do Tio Matos no Pinterest.

[02] Sou daqueles que acreditam que todos somos políticos e que devemos ter, também, direito aos nossos momentos de idiotas, isto é, apesar de sermos todos políticos, não devemos politizar absolutamente tudo nas nossas vidas ou corremos o risco de nos tornarmos fanáticos religiosos. A diferença entre nós aqueles que usualmente são chamados políticos é que eles foram eleitos (considerando que não haja fraude nas urnas eletrônicas) para ocupar os cargos de vereador, deputado estadual, deputado federal, prefeito, governador, senador e presidente. Por isso é que, ao me referir a algum deles, utilizo o termo "político eleito".

[03] É possível que a notícia seja de 2007 e tenha sido disponibilizada eletronicamente apenas em 2008.

[04] Por tratarem de temas semelhantes, as propostas foram apensadas a outra e arquivadas juntas, sendo que o desarquivamento de uma desarquiva todas.

[05] O requerimento 280/2007 foi apresentado pelo deputado Fernando Ferro em 14 de fevereiro de 2007 e a PEC em questão foi desarquivada em 13 de abril do mesmo ano.

[06] A campanha política de Geraldo Alckmin à presidência da República em 2018 exibiu imagens do vídeo descontextualizadamente, tentando prejudicar o seu adversário.

[07] Embora o Twitter opere oficialmente no Brasil desde 2012, nosso país já era o terceiro maior tuitador do mundo em 2010.

[08] Também tenho na memória que, na época, a presidente Dilma costumava viajar com certa frequência até São Paulo para se encontrar com o ex-presidente, sendo muito criticada por isso, mas ainda não encontrei notícias da época sobre isso especificamente.

[09] Até então, Jair Bolsonaro estava participando da comissão pela quarta vez, em todas, na condição de suplente.

[10] Outrora utilizado com o sentido de "escravo", como na expressão "negro da terra" para se referir aos índios, o termo é atualmente utilizado pelo Movimento Negro para se referir à soma dos indivíduos classificados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE como "pretos" e "pardos". Todavia, o mesmo termo é empregado com o sentido de "indivíduo de pele escura descendente de africanos escravizados e trazidos para o Brasil", o que é um equivoco monumental, já que a definição dada pelo IBGE para "pardo" é a de todo e qualquer mestiço e não apenas o mestiço de alguém "preto" com alguém de outra "raça". Portanto, se enquadra como "pardo" o indivíduo mestiço: 1) de "preto" e "branco" (mulato); 2) de "preto" e "amarelo"; 3) de "preto" e "índio" (cafuzo); 4) de "branco" e "índio" (mameluco); 5) de "branco" e "amarelo"; 6) de "amarelo" e "índio"; 7) de "preto", "branco" e "índio" (juçara); 8) de "preto", branco" e "amarelo"; 9) de "amarelo", "branco" e "índio"; 10) de "índio", "preto" e "amarelo"; 11) das "preto", "branco", "índio" e "amarelo".

[11] Não gosto dos termos "direita", "esquerda" e "centro" por julgá-los imprecisos na contemporaneidade.

[12] Ainda segundo a matéria de Roney Domingos, o Foro de São Paulo foi criado em 1990, reunindo 23 (vinte e três) partidos de esquerda de países da América Latina, dos quais 07 (sete) são brasileiros: PT, PCdoB, PCB, PPL, PPS, PSB e PDT.

[13] A edição da revista Piauí contendo a matéria em questão seria a 129, mas ela não está disponível no site da publicação, que só disponibiliza da edição 136 (janeiro de 2018) em diante.

[14] A Rússia também enfrentava protestos desde 2011, eles sendo devido aos indícios de fraude nas eleições parlamentares e presidenciais.

[15] Na mesma época, aqui no Brasil, o processo de impeachment de Dilma Rousseff, inciado em 02 de dezembro de 2015, já se encaminhava para a sua conclusão, que se daria em 31 de agosto de 2016.

[16] Termo alemão para "golpe de Estado" ou tentativa de um.

[17] A entrevista em si não está disponível no site do referido jornal, mas a encontrei reproduzida num blog chamado "Jornal Pequeno" e várias menções a ela pela internet. Vide as referências.

[18] Na época, Madeleine trabalhava para a Jovem Pan, apresentando o programa "Radioatividade". Atualmente, ela trabalha para a Gazeta do Povo e apresenta o programa "A Protagonista". Embora, seja informado por Madeleine nessa repostagem do vídeo que ele seria de 2015, na verdade, o ocorrido se deu em maio de 2016.

[19] Curiosamente, nelas, ele critica aqueles que querem chegar ao poder "custe o que custar", sendo que o Bolsonaro cresceu devido em boa parte ao programa chamado Custe o Que Custar - CQC.

[20] É sempre bom lembrar que, com a aporrinhação que eu promovi - e meu amigos e os amigos deles fomentaram - no Facebook em março deste ano, mais especificamente, na página da Prefeitura Municipal de Macapá, o prefeito Clécio Luís se mexeu para realizar a exibição gratuita do último episódio de Dragon Ball Super num telão na Praça Floriano Peixoto (pelo CrunchyRoll, diga-se). O evento reuniu mais de 7 mil pessoas na Rua Raimundo Ozanan na noite de 24 de março de 2018.

[21] No caso, pessoas com valores mais tradicionais e pessoas com valores não tão tradicionais, mas discordantes de determinados pontos da "cultura à esquerda".

[22] O trecho em questão se refere àquele comportamento de conformismo que passou a ser exercido pelas pessoas que o criticavam quando jovens.

[23] Embora tenha ficado famosíssima na versão cantada por Elis Regina (na qual ela canta "o vil metal" no lugar de "seus metais") e regravada para o álbum "Falso Brilhante" (1976), a música foi escrita em 1976 por Belchior, tendo sido lançada no álbum "Alucinação" (1976). A propósito, a música foi muito utilizada nos protestos de direita contra a Presidente Dilma, como os que pediam pelo seu impeachment.

[24] Falácia da evidência suprimida, supressão de evidências, evidência incompleta ou ,ainda, viés de confirmação.






REFERÊNCIAS

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