Teoria do crepúsculo: o filho de Aegon e Daenerys Targaryen

       Não sei se já teorizaram a respeito disso, realmente não fui atrás para saber, mas, outro dia, depois de rever toda a sétima temporada de Game of Thrones, pensei algo que me pareceu muito interessante sobre um provável filho entre Daenerys Targaryen e Jon Snow/Aegon Targaryen, coisa essa que ganhou um reforço quando, depois de publicar minha ideia no Facebook, foi publicado, no canal da Mikannn no YouTube, um vídeo sobre "zumbis de fogo".


Imagem retirada do vídeo "Jon Snow and Daenerys meet. Mariage, love and baby conceiving all will take place under great fire", do canal The Book of White Walkers.




       Então, para começo de conversa, pretendia falar apenas da série televisa neste post, todavia, terei que mencionar algumas coisas presentes nos livros e que são importantes para melhor entender a teoria. Assim, dividi este post nas seguintes seções: "caminhantes brancos e zumbis do gelo", "zumbis do fogo" e "a teoria do crepúsculo".



Caminhantes brancos e zumbis do gelo

       Muita gente os confunde, sendo comum até mesmo vermos matérias e vídeos, feitos por quem acompanha a série, onde os mortos reanimados para o exército do Rei da Noite são chamados de caminhantes brancos. Todavia, os caminhantes brancos são apenas aqueles com a aparência similar à do Rei do Noite e que nascem a partir do toque dele em alguém vivo - não se sabendo se tal transformação surte efeito em adultos ou se apenas em bebês, tal como foi mostrado na série.


À esquerda de quem vê, um caminhante branco. À direita, os zumbis do gelo.


       Os zumbis do gelo, por sua vez, são, basicamente, cadáveres mais ou menos decompostos que foram reanimados por algum caminhante branco, a sua reanimação cessando quando o caminhante branco que o reanimou é destruído. E, sim, o correto é "zumbi do gelo" e não "zumbi de gelo", como muitos utilizam por aí, pois, na língua portuguesa, a preposição "de", quando não aglutinada com o artigo definido, indica, entre outras coisas, "constituição por determinado material". Portanto, ao usarmos "de gelo", damos a entender que tais zumbis são constituídos de gelo, o que não é verdade, eles apenas são seres reanimados por outros associados ao gelo e/ou provenientes de uma região coberta pelo gelo que, no inverno de Westeros, é praticamente todo o continente), o que faz com que o uso da preposição aglutinada ao artigo definido masculino seja mais adequado.
       Assim, embora não tenha sido dito (que eu saiba), fica implícito que os zumbis do gelo não possuem qualquer consciência real ou memórias de suas vidas passadas, atuando como se fossem marionetes movidas por fios invisíveis controlados por seu titeriteiro, que é o caminhante branco responsável por sua reanimação.




Zumbis do fogo

       O termo utilizado por George R. R. Martin para se referir aos mortos-vivos em sua série de livros e derivados é wight (cuja pronúncia é um tanto quanto semelhante à de white, o que, talvez, também contribua para a confusão de alguns entre white walkers e wights), sendo que ele utilizou, em julho deste ano, o termo para se referir a Beric Dondarrion, explicando que o mesmo seria um wight animado pelo fogo, não pelo gelo, como é o caso dos wights servis aos caminhantes brancos.
       A declaração dada pelo George R. R. Martin em entrevista à Time em 13 de julho de 2017 é a seguinte:



And Jon Snow, too, is drained by the experience of coming back from the dead on the show. 
Right. And poor Beric Dondarrion, who was set up as the foreshadowing of all this, every time he's a little less Beric. His memories are fading, he's got all these scars, he's becoming more and more physically hideous, because he's not a living human being anymore. His heart isn't beating, his blood isn't flowing in his veins, he's a wight, but a wight animated by fire instead of by ice, now we're getting back to the whole fire and ice thing.


       O que, numa tradução livre, seria mais ou menos o seguinte:



E Jon Snow, também, está drenado pela experiência de voltar dos mortos no show. 
Certo. E pobre Beric Dondarrion, que foi configurado como o prenúncio de tudo isso, toda vez ele é um pouco meno Beric. Suas memórias estão desaparecendo, ele está com todas essas cicatrizes, ele está se tornando mais e mais horrível fisicamente, porque ele não é mais um ser humano vivo. Seu coração não está batendo, seu sangue não está correndo nas suas veias, ele é um wight, mas um wight animado pelo fogo em vez de pelo gelo, agora nós estamos voltando a toda essa coisa de fogo e gelo.


       Ou seja, se de um lado nós temos os caminhantes brancos com a sua capacidade de reanimar cadáveres pelo tempo em que permanecerem "vivos", de outro nós temos os sacerdotes do deus do fogo, R'hllor, com a capacidade de reanimar cadáveres (geralmente, recentes, a exceção sendo Catelyn Stark, que voltou como Lady Stoneheart) por tempo transcendente às suas próprias vidas, visto que Thoros de Myr morreu, mas Beric Dondarrion permaneceu "vivo".


Catelyn Stark revivida é a maior prova de que aqueles que
foram reanimados por um sacerdote vermelho são wights,
pois o corte na garganta dela foi profundo o suficiente
para ser questionável o quão viva ela realmente é.


       Outra diferença, exposta na declaração de George R. R. Martin, entre os wights do gelo e os wights do fogo está na consciência: aqueles não a possuem, mas estes, além de possuírem, mantém todas as suas memórias, que vão sendo perdidas a cada novo ressuscitamento.
       E, sim, como Jon Snow foi trazido de volta dos mortos por Melissandre, sacerdotisa de R'hillor, ele é um wight do fogo. Explicadas essas coisas, vamos à teoria.




A teoria do crepúsculo

       Jon Snow, que, na verdade, se chama Aegon Targaryen, é um morto-vivo reanimado pelo fogo. Sua tia, aliada de guerra e, agora também, amante, Daenerys Targaryen, é invulnerável ao fogo, controla grandes bestas reptilianas cuspidoras de fogo - que, embora sejam usualmente designadas como dragões, são, na verdade, wyverns - e acredita que não pode ter filhos porque a feiticeira que matou seu amado, Khal Drogo, respondeu-lhe, quando questionada sobre quando ele voltaria a ser o que era, o seguinte:



Quando o sol nascer a oeste e se pôr no leste.Quando os mares secarem e as montanhas forem sopradas pelo vento como folhas.Quando o seu ventre estiver pronto para ganhar vida e der à luz um filho vivo.Então, ele voltará e não antes.


       Assim, a partir disso, que mais parece uma refinada e bonita forma de se dizer "nunca", Daenerys passou a acreditar que jamais voltaria a engravidar, visto que as palavras da fala da feiticeira dão a entender isso se interpretadas literalmente. Há, porém, uma teoria que interpreta as palavras dela metaforicamente, associando cada verso a um acontecimento já visto na série, a saber:



1) "Quando o sol nascer a oeste e se pôr no leste" poderia se referir a um príncipe da casa Martell (cujo símbolo é o sol) que, nos livros, nasceu em Westeros (no oeste) e morreu em Essos (no leste);


2) "Quando os mares secarem..." poderia se referir tanto ao fim da casa Greyjoy, quanto à região de grama que, no livros, é referida como Mar Dothraki e que está secando, com a vegetação morrendo;


3) "...e as montanhas forem sopradas pelo vento como folhas" poderia se referir a várias coisas. Muitos acreditam que se refira ao fim do personagem Montanha, embora eu pense que, se for relacionado a ele, poderia ser referente ao fato de ele ter sido reanimado (recebido um sopro de vida) pelo Quiburn. Outros afirmas que este trecho se refere à destruição de duas pirâmides de Meereen pelo sopro de fogo dos wyverns de Daenerys. Por fim, há ainda quem acredite que isso se refira à queda da Muralha ou de parte dela, coisa que já aconteceu, através do sopro de fogo do wyvern reanimado pelo Rei da Noite;


       Assim, fica faltando apenas o último verso, que, com a realização de todos os outros, indicaria que, muito em breve, Daenerys viria a engravidar, sendo que alguns apontam para a possibilidade de ela batizar o seu filho como Drogo.
       Além dessas interpretações, há quem prefira acreditar que as palavras da feiticeira foram meramente vazias, como forma de se vingar psicologicamente de Daenerys ou de simplesmente inventar um desculpa qualquer sem perder a pose de poderosa. Todavia, interpreto as coisas de outra forma, não tão diferente da primeira interpretação - adotada pela própria Daenerys -, mas, ainda assim, substancialmente distinta.




       Nesta interpretação, as palavras proferidas pela feiticeira também devem ser entendidas literalmente, tal como uma forma floreada para se dizer "nunca", mas se deve prestar atenção principalmente na última parte do penúltimo verso, que diz "quando o seu ventre estiver pronto para ganhar vida e der à luz um filho vivo". Ora, a vida do filho de Daenerys e Khal Drogo, Rhaego, teria sido o preço que a Targaryen pagou - sem saber - à feiticeira, ele acabando por nascer morto. Daenerys não pode ter filhos, qualquer criança que ela venha a gerar inevitavelmente nascendo morta, mas e se ela engravidar de seu sobrinho?
       Jon Snow/Aegon Targaryen não é um ser humano vivo, mas sim um morto que foi reanimado pelo fogo, portanto, e se, porventura, ele engravidar sua tia e a criança nascida dessa relação também for um wight, tal qual o seu pai? Parece ser uma ideia bem louca, verdade, mas conceito similar já foi explorado na série de livros escrita por Stephenie Meyer (motivo pelo qual chamei isso de "teoria do crepúsculo") e penso que, isso realmente acontecendo, haveria um propósito muito maior para tal criança.
       Penso que o filho de Aegon e Daenerys Targaryen viria ao mundo para ser uma espécie de avatar do deus do fogo, R'hillor, ou algo parecido, apresentando um crescimento e desenvolvimento tão acelerado quanto o das crianças tocadas pelo Rei da Noite, isto é, tornando-se adulto num curto espaço de tempo e tão logo ficando apto para lutar (eu sei, isso sobre o crescimento acelerado dos "tocados pelo Rei da Noite" não foi dito em canto algum, essa parte é apenas especulação). O filho de Aegon e Daenerys Targaryen seria o próprio Azor Ahai ou, ainda, seria a própria Luminífera, caso cause a morte de sua própria mãe ao nascer - o que seria uma morte muito melhor para Daenerys do que o provável sacrifício nas mãos de Aegon Targaryen para que ele possa temperar a Luminífera.



Consideração final

       Sim, a teoria aqui apresentada é um tanto quanto "viajada", mas em se tratando de um mundo de fantasia medieval e considerando o que se sabe, há sim a possibilidade de que Jon Snow/Aegon Targaryen e Daenerys Targaryen gerem uma criança natimorta-viva, a qual virá - até mesmo devido à sua natureza sobrenatural - a desempenhar algum papel importante para o desfecho da trama principal: a guerra entre vivos e mortos.
       Ah, se você concorda parcial ou integralmente com a teoria que foi aqui apresentada, discorda de tudo, tem acréscimos a fazer ou decréscimos, bem como considerações ou correções, então comenta aí.


"Tyrion, que porra foi essa que eu acabei de ler aqui? Como assim, eu vou morrer parindo um moleque natimorto-vivo?"







REFERÊNCIAS

Daniel D'Addario. George R. R. Martin on the One Game of Thrones change he 'argued agains'. Publicado em: 13 Jul 2017. Disponível em: <http://time.com/4791258/game-of-thrones-george-r-r-martin-interview/>

Monique Souza. Daenerys poderá ter um filho? Profecia de Mirri Maz Durr pode indicar que sim! Publicado em: 25 Ago 2017. Disponível em: <https://poltronanerd.com.br/series/game-of-thrones-daenerys-podera-ter-um-filho-profecia-de-mirri-maz-duur-pode-indicar-que-sim-59231>

2 Comentários

  1. Eu achei o máximo sua teoria. E digo mais, acho q o filho dos dois será mesmo a Luminífera e q o Jon/Aegon é de fato o Azor Ahai l, que vai "usar" o filho pra acabar de vez com os WW.....

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  2. Gente. AMEI. Faz sentido sim.

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