Introdução ao "Magic" - parte 1

       Em março de 2019, o jogo de cartas colecionáveis chamado "Magic: The Gathering" foi oficialmente considerado o jogo mais complexo do mundo com as conclusões da pesquisa desenvolvida por Alex Churchill (pesquisador independente e designer de jogos de tabuleiros em Cambridge, RU), Stella Biderman (Instituto de Tecnologia da Georgia) e Austin Herrick (Universidade da Penssylvania).


Arte da carta "Voo Arcano" (Arcane Flight), de Steve Prescott.


       Assim, uma considerável atenção recaiu sobre o jogo, fazendo com que antigos jogadores voltassem para o hobby e que novos adeptos aparecessem, ampliando uma popularidade cada vez maior devido, entre outras coisas, ao novo jogo online [1] da marca, denominado Magic Arena.
       Coincidentemente, eu voltei a jogar este ano, após cerca de 10 (dez) anos afastado, e um pouco antes da oficialização do jogo como o mais complexo. Também tenho apresentado o jogo a outras pessoas e resolvi falar a respeito do jogo aqui no blog, sendo este o primeiro de vários artigos.



O primeiro jogo de batalha de cartas colecionáveis ou será que não?

       Os jogos de cartas possuem uma existência muito antiga, mais antiga que as coleções temáticas de cartas, tão comuns nos Estados Unidos da América. Aliás, foi nesse mesmo país que surgiu a primeira combinação das duas coisas, isto é, um jogo de cartas colecionáveis [2], que não poderia ser outro, "Magic: The Gathering", certo?
       Errado. "Magic: The Gathering" pode até ser, sim, considerado o primeiro jogo moderno de cartas colecionáveis, mas não o primeiro em absoluto. Meses antes, no Reino Unido, foi lançado o jogo "Battle Cards".



A frente de um booster pack (versão do RU).




       Também conhecido pelos nomes "Steve Jackson's Battle Cards" e "Fighting Fantasy Battle Cards"[3], o jogo foi completamente ofuscado por "Magic: The Gathering". Todavia, bem antes de 1993, ano em que os dois jogos foram lançados, o final da década de 1960 viu o surgimento do jogo "Top Trumps".





       Lançado em 1968, "Top Trumps" é popular no Reino Unido e também se encontra disponível nos EUA, sendo baseado num jogo infantil que usa as tradicionais cartas de baralho e é chamado de "Battle" (Batalha) no RU e de "War" (Guerra) nos EUA [4].
     Noutras palavras, Magic não foi o primeiro jogo de batalha de cartas colecionáveis e possui um diferencial, uma personalidade própria forte o suficiente para ter ofuscado outros jogos (mais especificamente, o Battle Cards) e se tornado a base de inspiração (ou mesmo cópia) para diversos outros.




O que esperar desta série de artigos

      Ao longo dos próximos artigos, será falado a respeito da Wizards of The Coast, de Richard Garfield, das regras do jogo, dos arquétipos de baralhos e de jogadores, dos formatos de jogo, das cores específicas e suas combinações, entre outros assuntos relacionados.





NOTAS

[1] Existiram e ainda existem outros jogos online de "Magic: The Gathering", sendo o Magic Online (MOL) o ainda predominante, visto que o Arena apenas recentemente saiu da versão Beta. Todavia, o principalmente diferencial deste em relação àquele está na acessibilidade.

[2] JCC ou, mais comumente, TCG, sigla de Trading Card Game.

[3] Embora não faça parte oficialmente da coleção "Fighting Fantasy", o jogo está profundamente associado a essa série de livros-jogos desenvolvidos por Steve Jackson e Ian Livingstone.

[4] Não sei como esse jogo se chama no Brasil, caso exista por aqui.



REFERÊNCIAS


Alex Churchill; Stella Biderman; Autin Herrick. Magic: The Gathering is Turing Complete. ArXiv. Publicado em: 24 Mar 2019. Revisado em: 23 Abr 2019. Disponível em: [https://arxiv.org/abs/1904.09828].

Emerging Tecnology from the arXiv. "Magic: The Gathering" is officially the world's most complex game. Publicado em: 07 Mai 2019. Disponível em: [https://www.technologyreview.com/s/613489/magic-the-gathering-is-officially-the-worlds-most-complex-game/].


ESL Sports Centre. History of Trading Cards. Disponível em: [http://www.eslsportscentre.com/history-of-trading-cards/].

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